Luiz Gonzaga do Nascimento (Exu, 13 de dezembro de 1912 – Recife, 2 de agosto de 1989) foi um compositor e cantor brasileiro. Conhecido como o Rei do Baião, foi considerado uma das mais completas, importantes e criativas figuras da música popular brasileira.
Cantando acompanhado de sua sanfona, zabumba e triângulo, levou para todo o país a cultura musical do nordeste, como o baião, o xaxado, o xote e o forró pé de serra. Suas composições também descreviam a pobreza, as tristezas e as injustiças de sua árida terra, o sertão nordestino.
Admirado pelos mais diversos artistas, Luiz Gonzaga ganhou notoriedade com as antológicas canções Asa Branca (1947), Seridó (1949), Juazeiro (1948), Forró de Mané Vito (1950) e Baião de Dois (1950).
Primeiros anos
Nasceu na sexta-feira, dia 13 de dezembro de 1912, numa casa de barro batido na Fazenda Caiçara povoado do Araripe, a 12 km da área urbana do município de Exu, extremo noroeste do estado de Pernambuco, cidade localizada a 610 km de Recife. Foi o segundo filho de Ana Batista de Jesus Gonzaga do Nascimento, conhecida na região por ‘Mãe Santana’, e oitavo de Januário José dos Santos do Nascimento. O padre José Fernandes de Medeiros o batizou na matriz de Exu em 5 de janeiro de 1920.
Seu nome, Luiz, foi escolhido porque 13 de dezembro é o dia da festa de Santa Luzia, Gonzaga foi sugerido pelo vigário que o batizou, e Nascimento por ser dezembro, mês em que o cristianismo celebra o nascimento de Jesus.
A cidade de Exu fica no sopé da Serra do Araripe, e inspiraria uma de suas primeiras composições, Pé de Serra. Seu pai trabalhava na roça, num latifúndio, e nas horas vagas tocava acordeão; também consertava o instrumento. Foi com ele que Luiz aprendeu a tocar o instrumento. Muito jovem ainda, já se apresentava em bailes, forrós e feiras, de início acompanhando seu pai. Autêntico representante da cultura nordestina, manteve-se fiel às suas origens mesmo seguindo carreira musical no sudeste do Brasil. O gênero musical que o consagrou foi o baião. A canção emblemática de sua carreira foi Asa Branca, composta em 1947 em parceria com o advogado cearense Humberto Teixeira.
Antes dos dezoito anos, Luiz teve sua primeira paixão: Nazarena, uma moça da região. Foi rejeitado pelo pai dela, o coronel Raimundo Deolindo, que não o queria para genro, pois ele não tinha instrução, era muito jovem e sem maturidade para assumir um compromisso. Revoltado com o rapaz, ameaçou-o de morte. Mesmo assim Luiz e Nazarena namoraram às escondidas por meses e planejavam se casar. Januário e Ana, pais de Luiz, lhe deram uma surra ao descobrirem que ele se envolveu com a moça sem a permissão da família dela, e ainda mais por Luiz tê-la desonrado:
Os dois disseram isto propositalmente, com o intuito de serem obrigados a se casar. Na época, a moça tinha que casar virgem e se houvesse relação sexual antes do matrimônio o homem era obrigado a casar-se ou morreria. Nazarena revelou ao pai o ocorrido e foi espancada por ele, no entanto Nazarena não engravidou. O coronel Raimundo ficou enfurecido e tentou matar o rapaz, que o enfrentou na luta. Raimundo revela que, mesmo desonrada, iria arrumar um casamento para a filha com um amigo mais velho que já sabia da situação dela, ou a internaria num convento, mas com Luiz ela não se casaria. Revoltado por não poder casar-se com Nazarena, e por não querer morrer nas mãos do pai dela, Luiz Gonzaga foi para Fortaleza e ingressou no exército em 5 de junho de 1930. Durante nove anos viajou por vários estados brasileiros, como soldado, sem dar notícias à família. Em agosto de 1932 foi para Belo Horizonte, onde ficou por quatro meses. Neste mesmo ano mudou-se para Juiz de Fora, onde viveu por cinco anos e teve a oportunidade de aprimorar sua habilidade com a sanfona. Em seguida, foi para Ouro Fino, também em Minas Gerais, onde permaneceu por dois anos. Deu baixa em 27 de março de 1939, no Rio de Janeiro.
Carreira
Antes de ser o rei do baião, conheceu Domingos Ambrósio, também soldado e conhecido na região pela sua habilidade como acordeonista. A partir daí começou a se interessar pela área musical.
Depois da baixa do exército, estando decidido a se dedicar à música. No Rio de Janeiro, então capital do Brasil, começou tocando em bares, cabarés e programas de calouros. Nessa época, tocava músicas de Manezinho Araújo (emboladas), Augusto Calheiros (valsas e serestas) e Antenógenes Silva (xotes e sambas). Apresentava-se com o típico figurino do músico profissional: paletó e gravata. Até que, em 1941, no programa de Ary Barroso, foi aplaudido executando Vira e Mexe, com sabor regional, de sua autoria. O sucesso lhe valeu um contrato com a gravadora RCA Victor, pela qual lançou mais de cinquenta músicas instrumentais. Vira e Mexe foi a primeira música que gravou em disco.
Veio depois sua primeira contratação, pela Rádio Nacional. Lá conheceu o acordeonista catarinense Pedro Raimundo, que usava trajes típicos da sua região. A partir de então, surgiu a ideia de apresentar-se vestido de vaqueiro, figurino que o consagrou como artista.
Em 11 de abril de 1945, gravou sua primeira música como cantor, no estúdio da RCA Victor: a mazurca Dança Mariquinha, em parceria com Miguel Lima.
Entre 1951 e 1952 a marca Colírio Moura Brasil celebrou um contrato de teor promocional com o cantor, custeando-lhe uma excursão por todo o país, fato este registrado por Gilberto Gil.
Estátua de bronze que, ao lado da escultura de Jackson do Pandeiro, está em frente ao Açude Velho de Campina Grande.
Vida pessoal e familiar
Em 1945 conheceu em uma casa de shows da área central do Rio, uma cantora de coro e samba, chamada Odaléia Guedes dos Santos, conhecida por Léia. A moça estaria supostamente grávida de um filho ao conhecer Luiz. Foram morar em uma casa alugada, e Luiz assumiu a paternidade da criança, dando-lhe seu nome: Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior, que acabaria também seguindo a carreira artística, tornando-se o cantor Gonzaguinha. A relação entre o casal era boa no início, mas depois começou a se desestabilizar e tornar-se conflituosa, levando Odaléia a sair de casa com o filho, com menos de dois anos de convivência. Luiz a buscou na pensão onde ela voltou a viver, e não aceitava que ela saísse de casa, mas depois decidiu deixá-la lá com o filho. Léia, então, voltou a trabalhar como dançarina e cantora, e criou o filho sozinha, mas Luiz a ajudava financeiramente e visitava o menino.
Em 1946, Luiz voltou pela primeira vez à sua cidade natal Exu, e reencontrou seus pais, que havia anos não tinham notícias do filho. O reencontro com seu pai é narrado em sua composição Respeita Januário, em parceria com Humberto Teixeira. Ele ficou meses vivendo com os pais e irmãos, mas logo voltou ao Rio de Janeiro.
Ao chegar ao Rio, ainda em 1946, conheceu a professora pernambucana Helena Cavalcanti, em um show que fez, e começaram a namorar. Ele precisava de uma secretária para cuidar de sua agenda de shows e de seu patrimônio financeiro, e antes de a pedir em namoro, a convidou para ser sua secretária. Helena precisava de um salário extra para ajudar os pais, já idosos, com quem ainda morava, e aceitou. Nos dias em que não dava aula para crianças do primário, cuidava das finanças de Luiz em um escritório que ele montara. Eles noivaram em 1947 e casaram-se em 1948, permanecendo juntos até o fim da vida de Luiz. Não tiveram filhos. Helena não conseguia engravidar e o casal adotou uma criança, uma menina recém nascida, a quem batizaram de Rosa Cavalcanti Gonzaga do Nascimento.
Ainda em 1947, a sua primeira companheira Léia morreu de tuberculose, quando seu filho Gonzaguinha tinha dois anos e meio. Luiz queria levar o menino para morar com ele e pediu para Helena criá-lo como se fosse dela, mas ela não aceitou, assim como sua mãe Marieta. O casal na época ainda não tinham adotado Rosa, e Helena queria uma filha, não um filho, e também não queria nenhuma ligação com o passado do marido, o mandando escolher entre ela ou a criança. Luiz decidiu manter o casamento, e entregou Gonzaguinha para que fosse criado por seus compadres, os padrinhos de batismo da criança, Leopoldina, apelidada de Dina, e Henrique Xavier Pinheiro. Este casal, apesar de muito pobre, criou o menino com seus outros filhos no Morro do São Carlos. Luiz sempre visitava Gonzaguinha e o sustentava financeiramente. Xavier o considerava como a um filho e lhe ensinava a tocar viola. O menino também os considerava como seus pais.
Mural do artista visual Eduardo Kobra em homenagem a Luiz Gonzaga no edifício da prefeitura do município onde o músico faleceu, Recife.
Os anos se passaram e Gonzaguinha jamais aceitou que Luiz não o tivesse criado. Luiz passou a visitar cada vez menos o rapaz, e sempre que se encontravam, discutiam. Dina e Xavier tentavam aproximar os dois, mas Helena revelou que Luiz era estéril e não era o pai do rapaz. Isso acarretava brigas entre ele e Helena, que usava a filha Rosa, dizendo que se ele não parasse de visitar o filho, Luiz não veria mais a menina. Luiz Gonzaga ficava furioso com os ataques de ciúme e chantagem de Helena, e sempre desmentia para todos a história da paternidade de Luizinho, já que não queria que ninguém soubesse que o menino era seu filho somente no registro civil. Amava o menino de fato, independente de não ser seu filho de sangue.
Gonzaguinha tornou-se rebelde e não aceitava o pedido do pai para ir morar com ele, mesmo que para isso tivesse que se separar da esposa. Tudo piorou quando chegaram até ele os boatos sobre a paternidade, e acabou por ouvir a confissão de Luiz de este não era seu pai verdadeiro. Gonzaguinha revoltou-se e parou de falar com o Luiz. Apesar da infância pobre, cresceu feliz ao lado dos irmãos de criação e dos pais de acolhimento. Nesta época Gonzaguinha contraiu tuberculose aos catorze anos, e quase morreu. O tempo passou e aos dezesseis anos, Luiz o levou à força para morar com ele na Ilha do Governador. Havia muitas brigas entre o rapaz e Helena, e Luiz o mandou para um internato. Entre idas e vindas, Gonzaguinha só deixou definitivamente o internato aos dezoito anos. Depois de vencer o vício do álcool, Gonzaguinha conseguiu concluir a universidade (nessa época ele morava na Tijuca, zona norte da cidade do Rio de Janeiro), tornando músico como Luiz Gonzaga. Os dois passaram a se entender e ficaram mais unidos, chegando a viajar pelo Brasil em 1979 e a compor juntos.
Últimos anos, morte e legado
O Museu Cais do Sertão, no Recife, é dedicado ao semiárido nordestino e à obra de Luiz Gonzaga.
Luiz Gonzaga sofreu de osteoporose por anos. Em 2 de agosto de 1989, morreu vítima de Parada cardiorrespiratória no Hospital Santa Joana, na capital pernambucana. Seu corpo foi velado na Assembleia Legislativa de Pernambuco, em Recife e posteriormente sepultado em seu município natal.
Usina Hidrelétrica Luiz Gonzaga é uma homenagem ao cantor.
Em 2012 Luiz Gonzaga foi tema do carnaval da GRES Unidos da Tijuca, no Rio de Janeiro, com o enredo "O Dia em Que Toda a Realeza Desembarcou na Avenida para Coroar o Rei Luiz do Sertão", fazendo com que a escola ganhasse o carnaval carioca daquele ano.
Ana Krepp, da Revista da Cultura escreveu: "O rei do baião pode ser também considerado o primeiro rei do pop no Brasil. Pop, aqui, empregado em seu sentido original, de popular. De 1946 a 1955 foi o artista que mais vendeu discos no Brasil, somando quase 200 gravados e mais de 80 milhões de cópias vendidas. 'Comparo Gonzagão a Michael Jackson. Ele desenhava as próprias roupas e inventava os passos que fazia no palco com os músicos', ilustra [o cineasta] Breno [Silveira, diretor de Gonzaga — De pai para filho]. Foi o cantor e músico e também o primeiro a fazer uma turnê pelo Brasil. Antes dele, os artistas não saíam do eixo Rio-SP. Gonzagão gostava mesmo era do showbiz: viajar, fazer shows e tocar para plateias do interior."
Em 2012, o filme de Breno Silveira, Gonzaga - De Pai pra Filho, narrando a relação conturbada de Luiz com o filho Gonzaguinha, em três semanas de exibição já alcançara a marca de um milhão de espectadores.
Filatelia
Em 13 de dezembro de 2012 o Correio Brasileiro, seguindo uma tradição filatélica, emitiu um selo postal em homenagem ao centenário de nascimento de Luiz Gonzaga.
Sucessos
Cantando acompanhado de sua sanfona, zabumba e triângulo, levou para todo o país a cultura musical do nordeste, como o baião, o xaxado, o xote e o forró pé de serra. Suas composições também descreviam a pobreza, as tristezas e as injustiças de sua árida terra, o sertão nordestino.
Admirado pelos mais diversos artistas, Luiz Gonzaga ganhou notoriedade com as antológicas canções Asa Branca (1947), Seridó (1949), Juazeiro (1948), Forró de Mané Vito (1950) e Baião de Dois (1950).
Primeiros anos
Em 1957
Seu nome, Luiz, foi escolhido porque 13 de dezembro é o dia da festa de Santa Luzia, Gonzaga foi sugerido pelo vigário que o batizou, e Nascimento por ser dezembro, mês em que o cristianismo celebra o nascimento de Jesus.
A cidade de Exu fica no sopé da Serra do Araripe, e inspiraria uma de suas primeiras composições, Pé de Serra. Seu pai trabalhava na roça, num latifúndio, e nas horas vagas tocava acordeão; também consertava o instrumento. Foi com ele que Luiz aprendeu a tocar o instrumento. Muito jovem ainda, já se apresentava em bailes, forrós e feiras, de início acompanhando seu pai. Autêntico representante da cultura nordestina, manteve-se fiel às suas origens mesmo seguindo carreira musical no sudeste do Brasil. O gênero musical que o consagrou foi o baião. A canção emblemática de sua carreira foi Asa Branca, composta em 1947 em parceria com o advogado cearense Humberto Teixeira.
Antes dos dezoito anos, Luiz teve sua primeira paixão: Nazarena, uma moça da região. Foi rejeitado pelo pai dela, o coronel Raimundo Deolindo, que não o queria para genro, pois ele não tinha instrução, era muito jovem e sem maturidade para assumir um compromisso. Revoltado com o rapaz, ameaçou-o de morte. Mesmo assim Luiz e Nazarena namoraram às escondidas por meses e planejavam se casar. Januário e Ana, pais de Luiz, lhe deram uma surra ao descobrirem que ele se envolveu com a moça sem a permissão da família dela, e ainda mais por Luiz tê-la desonrado:
Os dois disseram isto propositalmente, com o intuito de serem obrigados a se casar. Na época, a moça tinha que casar virgem e se houvesse relação sexual antes do matrimônio o homem era obrigado a casar-se ou morreria. Nazarena revelou ao pai o ocorrido e foi espancada por ele, no entanto Nazarena não engravidou. O coronel Raimundo ficou enfurecido e tentou matar o rapaz, que o enfrentou na luta. Raimundo revela que, mesmo desonrada, iria arrumar um casamento para a filha com um amigo mais velho que já sabia da situação dela, ou a internaria num convento, mas com Luiz ela não se casaria. Revoltado por não poder casar-se com Nazarena, e por não querer morrer nas mãos do pai dela, Luiz Gonzaga foi para Fortaleza e ingressou no exército em 5 de junho de 1930. Durante nove anos viajou por vários estados brasileiros, como soldado, sem dar notícias à família. Em agosto de 1932 foi para Belo Horizonte, onde ficou por quatro meses. Neste mesmo ano mudou-se para Juiz de Fora, onde viveu por cinco anos e teve a oportunidade de aprimorar sua habilidade com a sanfona. Em seguida, foi para Ouro Fino, também em Minas Gerais, onde permaneceu por dois anos. Deu baixa em 27 de março de 1939, no Rio de Janeiro.
Carreira
Antes de ser o rei do baião, conheceu Domingos Ambrósio, também soldado e conhecido na região pela sua habilidade como acordeonista. A partir daí começou a se interessar pela área musical.
Depois da baixa do exército, estando decidido a se dedicar à música. No Rio de Janeiro, então capital do Brasil, começou tocando em bares, cabarés e programas de calouros. Nessa época, tocava músicas de Manezinho Araújo (emboladas), Augusto Calheiros (valsas e serestas) e Antenógenes Silva (xotes e sambas). Apresentava-se com o típico figurino do músico profissional: paletó e gravata. Até que, em 1941, no programa de Ary Barroso, foi aplaudido executando Vira e Mexe, com sabor regional, de sua autoria. O sucesso lhe valeu um contrato com a gravadora RCA Victor, pela qual lançou mais de cinquenta músicas instrumentais. Vira e Mexe foi a primeira música que gravou em disco.
Veio depois sua primeira contratação, pela Rádio Nacional. Lá conheceu o acordeonista catarinense Pedro Raimundo, que usava trajes típicos da sua região. A partir de então, surgiu a ideia de apresentar-se vestido de vaqueiro, figurino que o consagrou como artista.
Em 11 de abril de 1945, gravou sua primeira música como cantor, no estúdio da RCA Victor: a mazurca Dança Mariquinha, em parceria com Miguel Lima.
Entre 1951 e 1952 a marca Colírio Moura Brasil celebrou um contrato de teor promocional com o cantor, custeando-lhe uma excursão por todo o país, fato este registrado por Gilberto Gil.
Vida pessoal e familiar
Em 1970
Em 1946, Luiz voltou pela primeira vez à sua cidade natal Exu, e reencontrou seus pais, que havia anos não tinham notícias do filho. O reencontro com seu pai é narrado em sua composição Respeita Januário, em parceria com Humberto Teixeira. Ele ficou meses vivendo com os pais e irmãos, mas logo voltou ao Rio de Janeiro.
Ao chegar ao Rio, ainda em 1946, conheceu a professora pernambucana Helena Cavalcanti, em um show que fez, e começaram a namorar. Ele precisava de uma secretária para cuidar de sua agenda de shows e de seu patrimônio financeiro, e antes de a pedir em namoro, a convidou para ser sua secretária. Helena precisava de um salário extra para ajudar os pais, já idosos, com quem ainda morava, e aceitou. Nos dias em que não dava aula para crianças do primário, cuidava das finanças de Luiz em um escritório que ele montara. Eles noivaram em 1947 e casaram-se em 1948, permanecendo juntos até o fim da vida de Luiz. Não tiveram filhos. Helena não conseguia engravidar e o casal adotou uma criança, uma menina recém nascida, a quem batizaram de Rosa Cavalcanti Gonzaga do Nascimento.
Ainda em 1947, a sua primeira companheira Léia morreu de tuberculose, quando seu filho Gonzaguinha tinha dois anos e meio. Luiz queria levar o menino para morar com ele e pediu para Helena criá-lo como se fosse dela, mas ela não aceitou, assim como sua mãe Marieta. O casal na época ainda não tinham adotado Rosa, e Helena queria uma filha, não um filho, e também não queria nenhuma ligação com o passado do marido, o mandando escolher entre ela ou a criança. Luiz decidiu manter o casamento, e entregou Gonzaguinha para que fosse criado por seus compadres, os padrinhos de batismo da criança, Leopoldina, apelidada de Dina, e Henrique Xavier Pinheiro. Este casal, apesar de muito pobre, criou o menino com seus outros filhos no Morro do São Carlos. Luiz sempre visitava Gonzaguinha e o sustentava financeiramente. Xavier o considerava como a um filho e lhe ensinava a tocar viola. O menino também os considerava como seus pais.
Os anos se passaram e Gonzaguinha jamais aceitou que Luiz não o tivesse criado. Luiz passou a visitar cada vez menos o rapaz, e sempre que se encontravam, discutiam. Dina e Xavier tentavam aproximar os dois, mas Helena revelou que Luiz era estéril e não era o pai do rapaz. Isso acarretava brigas entre ele e Helena, que usava a filha Rosa, dizendo que se ele não parasse de visitar o filho, Luiz não veria mais a menina. Luiz Gonzaga ficava furioso com os ataques de ciúme e chantagem de Helena, e sempre desmentia para todos a história da paternidade de Luizinho, já que não queria que ninguém soubesse que o menino era seu filho somente no registro civil. Amava o menino de fato, independente de não ser seu filho de sangue.
Gonzaguinha tornou-se rebelde e não aceitava o pedido do pai para ir morar com ele, mesmo que para isso tivesse que se separar da esposa. Tudo piorou quando chegaram até ele os boatos sobre a paternidade, e acabou por ouvir a confissão de Luiz de este não era seu pai verdadeiro. Gonzaguinha revoltou-se e parou de falar com o Luiz. Apesar da infância pobre, cresceu feliz ao lado dos irmãos de criação e dos pais de acolhimento. Nesta época Gonzaguinha contraiu tuberculose aos catorze anos, e quase morreu. O tempo passou e aos dezesseis anos, Luiz o levou à força para morar com ele na Ilha do Governador. Havia muitas brigas entre o rapaz e Helena, e Luiz o mandou para um internato. Entre idas e vindas, Gonzaguinha só deixou definitivamente o internato aos dezoito anos. Depois de vencer o vício do álcool, Gonzaguinha conseguiu concluir a universidade (nessa época ele morava na Tijuca, zona norte da cidade do Rio de Janeiro), tornando músico como Luiz Gonzaga. Os dois passaram a se entender e ficaram mais unidos, chegando a viajar pelo Brasil em 1979 e a compor juntos.
Últimos anos, morte e legado
Luiz Gonzaga sofreu de osteoporose por anos. Em 2 de agosto de 1989, morreu vítima de Parada cardiorrespiratória no Hospital Santa Joana, na capital pernambucana. Seu corpo foi velado na Assembleia Legislativa de Pernambuco, em Recife e posteriormente sepultado em seu município natal.
Usina Hidrelétrica Luiz Gonzaga é uma homenagem ao cantor.
Em 2012 Luiz Gonzaga foi tema do carnaval da GRES Unidos da Tijuca, no Rio de Janeiro, com o enredo "O Dia em Que Toda a Realeza Desembarcou na Avenida para Coroar o Rei Luiz do Sertão", fazendo com que a escola ganhasse o carnaval carioca daquele ano.
Ana Krepp, da Revista da Cultura escreveu: "O rei do baião pode ser também considerado o primeiro rei do pop no Brasil. Pop, aqui, empregado em seu sentido original, de popular. De 1946 a 1955 foi o artista que mais vendeu discos no Brasil, somando quase 200 gravados e mais de 80 milhões de cópias vendidas. 'Comparo Gonzagão a Michael Jackson. Ele desenhava as próprias roupas e inventava os passos que fazia no palco com os músicos', ilustra [o cineasta] Breno [Silveira, diretor de Gonzaga — De pai para filho]. Foi o cantor e músico e também o primeiro a fazer uma turnê pelo Brasil. Antes dele, os artistas não saíam do eixo Rio-SP. Gonzagão gostava mesmo era do showbiz: viajar, fazer shows e tocar para plateias do interior."
Em 2012, o filme de Breno Silveira, Gonzaga - De Pai pra Filho, narrando a relação conturbada de Luiz com o filho Gonzaguinha, em três semanas de exibição já alcançara a marca de um milhão de espectadores.
Filatelia
Em 13 de dezembro de 2012 o Correio Brasileiro, seguindo uma tradição filatélica, emitiu um selo postal em homenagem ao centenário de nascimento de Luiz Gonzaga.
Sucessos
do Nascimento, Luiz Gonzaga; Dantas, José ‘Zé’ (1950), A dança da moda
Almeida, Onildo (1957), A feira de Caruaru
do Nascimento, Luiz Gonzaga; Dantas, José ‘Zé’ (1953), A letra I
———; Barbalho, Nelson (1963), A morte do vaqueiro
do Assaré, Patativa (1964), A triste partida
Cordovil, Hervé; do Nascimento, Luiz Gonzaga (1953), A vida do viajante
Dantas, José ‘Zé’ (1952), Acauã
——— (1962), Adeus, Iracema
do Nascimento, Luiz Gonzaga; Dantas, José ‘Zé’ (1953), Á-bê-cê do sertão.
Cordovil, Hervé; Araújo, Manuel ‘Manezinho’ (1952), Adeus, Pernambuco
do Nascimento, Luiz Gonzaga; Dantas, José ‘Zé’ (1953), Algodão
Beduíno; do Nascimento, Luiz Gonzaga (1951), Amanhã eu vou
Sampaio, Raul (1960), Amor da minha vida
Teixeira, Humberto; Gonzaga, Luiz (1947), Asa Branca
———; Gonzaga, Luiz (1950), Assum-preto
Ricardo, Júlio; de Oliveira (1964), Ave-maria sertaneja
Teixeira, Humberto; Gonzaga, Luiz (1946), Baião
Nasser, Davi; de Morais, Guio (1951), Baião da Penha
Araújo, Manuel ‘Manezinho’; Renato, José ‘Zé’ (1952), Beata Mocinha
Gonzaga júnior, Luiz ‘Gonzaguinha’; Gonzaga, Luiz (1965), Boi bumbá
Cavalcanti, Armando; Caldas, Clécius (1950), Boiadeiro
Gonzaga, Luiz (1964), Cacimba Nova
Portela, Jeová; Gonzaga, Luiz (1946), Calango da lacraia
Roxo, Amorim; Gonzaga, José ‘Zé’ (1998), «O Cheiro de Carolina», Sua Sanfona e Sua Simpatia
Lobo, Fernando (1950), Chofer de praça
Cavalcanti, Armando; Caldas, Clécius (1951), Cigarro de paia
do Nascimento, Luiz Gonzaga; Dantas, José ‘Zé’ (1950), Cintura fina
Portela, Jeová; do Nascimento, Luiz Gonzaga; Lima, Miguel (1945), Cortando pano
Silva, João; Oseinha (1987), De Fiá Pavi
Barroso, Carlos; Teixeira, Humberto (1950), Dezessete légua e meia
do Nascimento, Luiz Gonzaga; Dantas, José ‘Zé’ (1954), Feira de gado
do Nascimento, Alcebíades (1948), Firim, firim, firim
Marcolino, José; do Nascimento, Luiz ‘Lua’ Gonzaga (1965), Fogo sem fuzil
do Nascimento, Luiz Gonzaga (1964), Fole gemedor
———; Dantas, José ‘Zé’ (1950), Forró de Mané Vito
Dantas, José ‘Zé’ (1962), Forró de Zé Antão
Ramos, Severino, Forró de Zé do Baile Texto " year 1964" ignorado (ajuda)
de Castro, Jorge; Ramos, José ‘Zé’ (1955), Forró de Zé Tatu
do Nascimento, Luiz Gonzaga (1957), Forró no escuro
——— (1944), Fuga da África
Queiroga, Luiz; Almeida, Onildo (1967), Hora do adeus
do Nascimento, Luiz Gonzaga; Dantas, José ‘Zé’ (1952), Imbalança
Gonçalves, Alcides; Rodrigues, Lupicínio (1952), Jardim da saudade
Rodrigues, Lupicínio (1952), Juca
do Nascimento, Luiz Gonzaga; Dantas, José ‘Zé’ (1954), Lascando o cano
Teixeira, Humberto; do Nascimento, Luiz Gonzaga (1949), Légua tirana
do Nascimento, Luiz Gonzaga ‘Gonzaguinha’ júnior (1964), Lembrança de primavera
Granjeiro, Raimundo (1963), Liforme instravagante
Teixeira, Humberto; do Nascimento, Luiz Gonzaga (1949), Lorota boa
Torres, Raul (1948), Moda da mula preta
de Araújo, Sílvio Moacir; do Nascimento, Luiz Gonzaga (1953), Moreninha tentação
de Morais, Guio (1950), No Ceará não tem disso, não
Teixeira, Humberto; do Nascimento, Luiz Gonzaga (1947), No meu pé de serra
do Nascimento, Luiz Gonzaga; Dantas, José ‘Zé’ (1954), Noites brasileiras
Marcolino, José; do Nascimento, Luiz Gonzaga (1964), Numa sala de reboco
Guimarães, Luiz (1965), O maior tocador
do Nascimento, Luiz Gonzaga; Dantas, José ‘Zé’ (1953), O xote das meninas
Cavalcante, Rosil (1962), Ô véio macho
do Nascimento, Luiz Gonzaga; padre Gothardo (1981), Obrigado, João Paulo
do Nascimento, Luiz Gonzaga; Valença, Nelson (1973), O fole roncou
Barros, Antônio (1967), Óia eu aqui de novo
do Nascimento, Luiz Gonzaga; Peter Pan (1951), Olha pro céu
Soares, Elias (1967), Ou casa, ou morre
Lima, Miguel; Paraguaçu (1946), Ovo azul
do Nascimento, Luiz Gonzaga; Granjeiro, Raimundo (1955), Padroeira do Brasil
Valente, Assis; do Nascimento, Luiz Gonzaga (1946), Pão-duro
Marcolino, José; do BNascimento, Luiz Gonzaga (1962), Pássaro carão
de Morais, Guio; do Nascimento, Luiz Gonzaga (1952), Pau-de-arara
do Nascimento, Luiz Gonzaga; Dantas, José ‘Zé’ (1955), Paulo Afonso
——— (1942), Pé de serra
———; Lima, Miguel (1945), Penerô xerém
———; Lima, Miguel (1946), Perpétua
de Araújo, Sílvio Moacir (1952), Piauí
Albuquerque; Silva, João (1965), Piriri
do Nascimento, Luiz Gonzaga; Simon, Vítor (1950), Quase maluco
———; Lima, Miguel (1947), Quer ir mais eu?
do Nascimento, Luiz Gonzaga (1965), Quero chá
Pantaleão (1964), Padre sertanejo
Teixeira, Humberto; do Nascimento, Luiz Gonzaga (1950), Respeita Januário
Ramalho, Luiz; do Nascimento, Luiz Gonzaga (1974), Retrato de Um Forró
do Nascimento, Luiz Gonzaga; Dantas, José ‘Zé’ (1955), Riacho do Navio.
———; Dantas, José ‘Zé’ (1951), Sabiá
———; Guimarães, Luiz (1964), Sanfona do povo
Almeida, Onildo (1962), Sanfoneiro Zé Tatu
do Nascimento, Luiz Gonzaga; Dantas, José ‘Zé’ (1952), São-joão na roça
———; Dantas, José ‘Zé’ (1956), Siri jogando bola
Asfora, Raimundo; Cavalcante, Rosil, Tropeiros da Borborema
do Nascimento, Luiz Gonzaga; Dantas, José ‘Zé’ (1950), Vem, morena
——— (1941), Vira-e-mexe
Teixeira, Humberto; do Nascimento, Luiz Gonzaga (1950), Xanduzinha
Clementino, José (1967), Xote dos cabeludos
Discografia
Ano Álbum
1951 Olha pro Céu
1954 A História do Nordeste
1954 Luiz Gonzaga e Januário
1956 Aboios e Vaquejadas
1957 O Reino do Baião
1958 Xamego
1961 Luiz "LUA" Gonzaga
1962 Ô Véio Macho
1962 São João na Roça
1963 Pisa no Pilão (Festa do Milho)
1964 A Triste Partida
1964 Sanfona do Povo
1965 Quadrilhas e Marchinhas Juninas
1967 O Sanfoneiro do Povo de Deus
1967 Óia Eu Aqui de Novo
1968 Canaã
1968 São João do Araripe
1970 Sertão 70
1971 O Canto Jovem de Luiz Gonzaga
1971 São João Quente
1972 Aquilo Bom!
1972 Volta pra Curtir (Ao Vivo)
1973 Luiz Gonzaga
Ano Álbum
1974 Daquele Jeito...
1974 O Fole Roncou
1976 Capim Novo
1977 Chá Cutuba
1978 Dengo Maior
1979 Eu e Meu Pai
1979 Quadrilhas e Marchinhas Juninas, vol. 2 — Vire Que Tem Forró
1980 O Homem da Terra
1981 A Festa
1981 A Vida do Viajante — Gonzagão e Gonzaguinha
1982 Eterno Cantador
1983 70 Anos de Sanfona e Simpatia
1984 Danado de Bom
1984 Luiz Gonzaga & Fagner
1985 Sanfoneiro Macho
1986 Forró de Cabo a Rabo
1987 De Fiá Pavi
1988 Aí Tem
1988 Gonzagão & Fagner 2 — ABC do Sertão
1989 Vou Te Matar de Cheiro
1989 Aquarela Nordestina
1989 Forrobodó Cigano
1989 Luiz Gonzaga e sua Sanfona, vol. 2
Videografia
Gonzaga - de Pai pra Filho (biográfico), 2012
VÍDEOS:
Luiz Gonzaga - Respeita Januário / Riacho do Navio / Forró no Escuro
Luiz Gonzaga - Asa Branca ft. Fagner, Sivuca, Guadalupe
Luiz Gonzaga - "O Xote das Meninas" (1987)
Luiz Gonzaga - Danado de Bom
Luiz Gonzaga, Gonzaguinha - A Vida de Viajante (Festival da Canção)
Luiz Gonzaga -- A Triste Partida
LUIZ GONZAGA - AS MELHORES DAS MELHORES
FONTE: WIKIPÉDIA
AUTOR: GUGUSONGS
Luiz Gonzaga - Respeita Januário / Riacho do Navio / Forró no Escuro
Luiz Gonzaga - Asa Branca ft. Fagner, Sivuca, Guadalupe
Luiz Gonzaga - "O Xote das Meninas" (1987)
Luiz Gonzaga - Danado de Bom
Luiz Gonzaga, Gonzaguinha - A Vida de Viajante (Festival da Canção)
Luiz Gonzaga -- A Triste Partida
LUIZ GONZAGA - AS MELHORES DAS MELHORES
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